Quem são as empresas vencedoras que levarão os R$ 312 milhões em projetos?

Quem são as empresas vencedoras que levarão os R$ 312 milhões em projetos?

As empresas vencedoras do Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados 2025 foram a Energias do Acre SPE (do grupo Rovema Energia) e o Consórcio IFX-You.ON. Juntas, elas contrataram R$ 312,8 milhões em investimentos para desenvolver 50,2 MW em usinas híbridas, combinando energia solar, baterias e óleo diesel, para abastecer localidades isoladas nos estados do Amazonas e Pará.

Como levar energia limpa e confiável para as comunidades mais remotas da Amazônia? A princípio, a resposta para esse desafio histórico começou a ser desenhada em um evento crucial para o setor elétrico. O Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados 2025 (SISOL) definiu as empresas vencedoras que liderarão projetos de R$ 312 milhões para transformar a realidade energética de localidades que vivem à margem do sistema interligado nacional.

Sobretudo, este não foi um leilão comum. Pela primeira vez, o governo exigiu uma cota mínima de fontes renováveis e precificou a redução de emissões, sinalizando um novo rumo para a matriz energética da região. A combinação de energia solar com baterias de armazenamento foi a grande protagonista, mostrando-se uma solução viável e competitiva.

Portanto, é primordial conhecer quem são as empresas que venceram essa disputa e quais os impactos de seus projetos. Este artigo revela os nomes por trás dos investimentos milionários e analisa o que o resultado deste leilão representa para o futuro da transição energética no Brasil.

O Que Foi o Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados 2025?

Realizado no final de setembro, o Leilão de Sistemas Isolados 2025, operacionalizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), teve um objetivo claro: contratar soluções de energia para abastecer comunidades no Amazonas e no Pará que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Historicamente, essas áreas dependem quase exclusivamente de geradores a diesel, uma fonte cara, poluente e logisticamente complexa. O grande diferencial deste certame foi sua abordagem inovadora. Além de ser o primeiro a obrigar que cada projeto tivesse no mínimo 22% de fontes renováveis, ele também foi pioneiro ao precificar as emissões de carbono evitadas.

Na prática, isso significa que, pela primeira vez, um leilão desse tipo atribuiu um valor monetário à sustentabilidade. O resultado foi a contratação de 50,265 MW de potência, divididos em seis unidades de geração híbrida. Os contratos, com duração de 180 meses (15 anos), têm início de suprimento previsto para dezembro de 2027 e somam um investimento de quase R$ 313 milhões.

As Empresas Vencedoras e Seus Projetos Milionários

Dois grandes vencedores emergiram da disputa, garantindo os contratos para levar energia mais limpa e segura para a região amazônica.

Lote 01: Energias do Acre SPE (Rovema Energia) no Amazonas

Para o Lote 01, destinado a atender localidades no estado do Amazonas, a vencedora foi a Energias do Acre SPE, uma subsidiária do grupo Rovema Energia. A empresa assegurou um contrato de R$ 72,481 milhões.

Com esse investimento, a companhia será responsável por implementar 20,165 MW de potência em usinas híbridas, que integram a geração a óleo diesel com painéis solares e sistemas de armazenamento em baterias. A solução é, na prática, um sistema de energia solar off-grid de grande porte, garantindo fornecimento contínuo.

Lote 03: Consórcio IFX-You.ON no Pará

O Consórcio IFX-You.ON arrematou o Lote 03, focado no estado do Pará. O grupo garantiu o maior volume de investimento, totalizando R$ 240 milhões. O projeto do consórcio prevê a instalação de 30,100 MW de potência, também no modelo de usina híbrida.

A expressiva diferença de valores em relação ao Lote 01 reflete a maior capacidade que o consórcio instalará e a complexidade logística do projeto, que levará energia para diversas comunidades paraenses isoladas.

A Visão do Setor: Um Bom Começo, Mas é Preciso Acelerar

Para a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o resultado do leilão foi um primeiro passo positivo e estratégico. A contratação de sistemas fotovoltaicos com baterias em ambos os lotes confirma a viabilidade técnica e econômica da solução para descarbonizar a Amazônia.

Contudo, a entidade aponta que é preciso ir além. Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR, comentou que, embora a exigência de 22% de renováveis seja um avanço, o ideal é aumentar essa fração para mais de 50% nos próximos leilões. Segundo ele, a tecnologia já é consolidada e amplamente utilizada em mercados internacionais.

Acelerar esse processo, na visão da associação, é fundamental para a transformação ecológica do país. Além disso, o setor aguarda com grande expectativa a publicação das diretrizes do Leilão de Reserva de Capacidade para Armazenamento (LRCAP Armazenamento), que será outro marco para consolidar a tecnologia de baterias no Brasil.

Conclusão

O Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados 2025 representa mais do que a simples alocação de R$ 312 milhões. Ele simboliza um ponto de virada na forma como o Brasil planeja sua expansão energética em áreas remotas. A Energias do Acre SPE e o Consórcio IFX-You.ON são mais do que apenas as vencedoras de um certame. Elas são pioneiras de um novo modelo energético, que integra fontes renováveis e armazenamento para substituir os combustíveis fósseis.

A obrigatoriedade de uma cota renovável e a valorização da sustentabilidade neste leilão criam um precedente poderoso. Essa decisão impulsiona a descarbonização da Amazônia. Além disso, fomenta um mercado crucial para a segurança energética do país: o de baterias.

Embora o setor veja a necessidade de metas mais ambiciosas, o primeiro passo foi dado na direção certa. Agora, os olhos do mercado se voltam para a execução desses projetos e para as próximas regulamentações que poderão acelerar ainda mais essa transição. Acompanhar esses movimentos é essencial para entender os rumos da energia no Brasil.

Rafaela Silva

Especializada em investimentos e sustentabilidade, com ampla experiência em análise de mercado e desenvolvimento de conteúdo sobre práticas financeiras e ambientais responsáveis.

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