Projeto pioneiro de eólica no mar supera barreira ambiental e procura capital
Resumo do Conteúdo: O primeiro projeto pioneiro de eólica no mar do Brasil, liderado pelo SENAI e DOIS A Engenharia no Rio Grande do Norte, superou a principal barreira ao receber a licença prévia do IBAMA. Com 24,5 MW, o projeto agora procura capital (R$ 42 milhões iniciais) via edital (JIP). A iniciativa usará tecnologia inovadora de montagem em terra e transporte por rebocadores, visando nacionalizar a cadeia de fornecedores e reduzir custos.
O Brasil está prestes a dar um passo decisivo para destravar seu gigantesco potencial energético em alto-mar. A princípio, o primeiro projeto pioneiro de eólica no mar (offshore) do país superou sua maior e mais temida barreira: o licenciamento ambiental. A iniciativa, que a empresa instalará no Rio Grande do Norte, recebeu a primeira licença prévia do IBAMA para um empreendimento do tipo no Brasil.
Sobretudo, essa conquista regulatória é o sinal verde que o mercado esperava. Com a barreira ambiental superada, o SENAI e a DOIS A Engenharia, líderes do projeto, lançaram agora um edital para a captação de parceiros e investidores, dando início à fase de captação de capital para tirar o plano do papel.
Portanto, é primordial entender o que torna este projeto pioneiro de eólica no mar tão revolucionário. Este artigo detalha a tecnologia inovadora de instalação que promete reduzir drasticamente os custos, o potencial da região escolhida e como funcionará o modelo de investimento para esta que pode ser a usina-piloto mais importante da história da transição energética brasileira.
O Que é Este Projeto Pioneiro em Areia Branca (RN)?
O empreendimento é uma planta-piloto de 24,5 MW (Megawatts), que prevê a instalação de dois aerogeradores de grande porte. Ele ficará localizado no mar de Areia Branca (RN), a 20 quilômetros da costa e a 4,5 km do Porto-Ilha de Areia Branca.
Este projeto pioneiro de eólica no mar tem um objetivo principal. Ele vai além de apenas gerar energia. Acima de tudo, ele servirá como um sítio de testes em condições reais. O SENAI do Rio Grande do Norte lidera a iniciativa. Ele faz isso através de seu Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
O SENAI usará a planta para validar tecnologias consolidadas internacionalmente. Além disso, o mais importante é desenvolver soluções. Essas soluções serão adaptadas às condições específicas do litoral brasileiro.
A Conquista da Licença Prévia do IBAMA: A Maior Barreira Superada
Para qualquer projeto de infraestrutura de grande porte, especialmente em ambiente marinho, a maior barreira não costuma ser financeira ou técnica, mas sim regulatória e ambiental. A obtenção da Licença Prévia (LP) do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) é o marco mais complexo e demorado do processo.
O fato de este projeto ter sido o primeiro a conseguir essa licença prévia no Brasil é uma notícia transformadora. Ele cria um precedente, estabelece um caminho técnico e jurídico e dá a segurança necessária para que investidores possam agora aportar capital, sabendo que eles superaram a principal incerteza do empreendimento.
A Inovação Logística: Montagem em Terra e Transporte Simplificado
Um dos maiores custos da energia eólica offshore no mundo é a logística de instalação, que exige navios-guindaste especializados e caríssimos, muitas vezes indisponíveis no Brasil. O projeto de Areia Branca soluciona isso de forma genial.
Através de um modelo da empresa espanhola Esteyco, licenciado no Brasil pela DOIS A Engenharia, o processo será radicalmente diferente:
- Fundação Gravitacional: Devido ao mar raso e ao solo calcário da região, a fundação não precisará de perfurações profundas. Ela será uma estrutura de concreto que se apoiará sobre o leito marítimo pelo próprio peso.
- Torres Telescópicas de Concreto: As torres serão feitas de concreto pré-moldado (mais barato e com maior conteúdo nacional) e serão telescópicas.
- Montagem em Terra (Onshore): Este é o pulo do gato. O aerogerador completo (torre, nacele e pás) será 100% montado em terra, no porto.
- Transporte por Rebocadores Comuns: A estrutura final será transportada flutuando até o local de instalação usando rebocadores comuns, dispensando os navios especializados que custam centenas de milhares de dólares por dia.
Ao final, a torre telescópica é erguida até sua altura operacional final, concluindo a instalação.
Por que o Rio Grande do Norte? Um Potencial Eólico Superior
A escolha do local para este projeto pioneiro de eólica no mar não foi por acaso. Afinal, o litoral do Rio Grande do Norte possui condições de vento que estão entre as melhores do mundo.
De fato, a região da Margem Equatorial onde a usina será instalada possui ventos com velocidade média superior a 10 metros por segundo (m/s) e altíssima constância. Dessa forma, a expectativa é que o fator de capacidade (a porcentagem do tempo que a usina opera em sua potência máxima) seja superior a 60%.
Portanto, este índice é muito acima da média global, tornando o projeto extremamente eficiente e rentável. Além disso, instituições como o NREL (National Renewable Energy Laboratory) dos EUA, atestam o potencial global de locais com essas características.
O Modelo de Negócio: “Procura Capital” via JIP
Com a licença ambiental garantida, o projeto agora entra na fase de captação financeira, nesse sentido, o modelo escolhido foi o de “Joint Industry Project (JIP)”, ou Arranjo Cooperativo Multilateral. O SENAI e a DOIS A Engenharia lançaram o edital (a partir de 28 de novembro) para atrair parceiros investidores dispostos a compartilhar os custos e os riscos do desenvolvimento tecnológico.
Em primeiro lugar, a primeira etapa do empreendimento, focada nos projetos de engenharia e análises de produção, tem um investimento previsto de R$ 42 milhões.
Assim, a expectativa é que a equipe assine os contratos com os investidores a partir de dezembro deste ano (2025) e, em seguida, inicie o projeto em abril de 2026, com uma duração de 16 a 18 meses para esta fase inicial. Por fim, esperamos que a equipe assine os contratos em breve.
O Objetivo Estratégico: Desenvolver a Cadeia de Fornecedores Nacional
O SENAI deixou claro que o objetivo vai além da geração de 24,5 MW. A importância central da iniciativa é desenvolver a cadeia de fornecedores do Brasil (o “conteúdo nacional”) para a futura indústria de eólica offshore.
Ao utilizar torres de concreto (que podem ser feitas no Brasil) e rebocadores comuns (amplamente disponíveis na indústria naval brasileira), o projeto reduz drasticamente a dependência de embarcações e equipamentos importados.
A meta é acelerar a nacionalização de soluções e criar uma indústria local robusta, capaz de atender à demanda de futuros projetos sem depender da flutuação do câmbio e da disponibilidade de navios estrangeiros.
Conclusão
Em suma, o projeto pioneiro de eólica no mar no Rio Grande do Norte é um divisor de águas para o Brasil. A conquista da primeira licença prévia do IBAMA finalmente destravou o potencial da fonte offshore no país. Mais do que isso, o modelo logístico inovador, com montagem em terra e uso de rebocadores comuns, resolve o principal gargalo de custo que impedia a viabilidade desses projetos por aqui.
Ao buscar capital através de um modelo de parceria (JIP), o SENAI e a DOIS A Engenharia não estão apenas financiando uma usina, mas convidando o mercado a construir uma indústria nacional inteira. Este projeto pioneiro de eólica no mar é a semente que pode posicionar o Brasil como líder global em energia eólica offshore, combinando potencial natural com inovação tecnológica.
Você acredita no potencial da energia eólica offshore no Brasil? Acha que esse modelo de instalação em terra é a solução para os custos? Compartilhe sua opinião nos comentários!
FAQ – Perguntas Frequentes sobre Eólica no Mar (Offshore)
É uma planta-piloto de 24,5 MW em Areia Branca (RN), liderada pelo SENAI e DOIS A Engenharia. Seu objetivo principal é servir como um sítio de testes para validar tecnologias e desenvolver soluções adaptadas às condições brasileiras, mais do que apenas gerar energia.
A principal barreira foi a regulatória e ambiental. O projeto foi o primeiro no Brasil a receber a Licença Prévia (LP) do IBAMA para um empreendimento de eólica offshore, o que era considerado o passo mais complexo e demorado.
A inovação está na logística. O aerogerador completo será 100% montado em terra (onshore) e transportado flutuando até o local por rebocadores comuns. Isso dispensa o uso de navios-guindaste especializados, que são extremamente caros e raros no Brasil.
O litoral do RN possui ventos entre os melhores do mundo, com velocidade média superior a 10 m/s e alta constância. Isso permite um fator de capacidade (eficiência) esperado acima de 60%, tornando o projeto altamente eficiente e rentável.
Com a licença ambiental garantida, o projeto procura capital através de um edital no modelo “Joint Industry Project (JIP)”. O SENAI e a DOIS A Engenharia buscam parceiros investidores para compartilhar os custos, começando com R$ 42 milhões para a primeira fase de engenharia.
