Por que a energia solar cresceu 9,1% em apenas 15 dias no Brasil?

Por que a energia solar cresceu 9,1% em apenas 15 dias no Brasil?

Resumo do Conteúdo: A energia solar cresceu 9,1% na primeira quinzena de outubro de 2025, mas este crescimento não ocorreu dentro de 15 dias. O dado da CCEE representa a comparação (Ano contra Ano) com o mesmo período de 2024. O crescimento é impulsionado pela massiva adição de novas usinas (Geração Centralizada) e sistemas de Geração Distribuída (GD) no último ano, que compensaram a queda no consumo e a retração das fontes hídricas.

O setor fotovoltaico brasileiro registrou um novo marco impressionante, mas os números podem gerar confusão. A princípio, a pergunta que surgiu foi: por que a energia solar cresceu 9,1% em apenas 15 dias no Brasil, como apontam dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)?

Sobretudo, é primordial esclarecer este dado: o crescimento de 9,1% não aconteceu dentro dos 15 dias (de 1º a 15 de outubro). Ele representa a comparação Ano contra Ano (Year-over-Year) da energia gerada na primeira quinzena de outubro de 2025 (4.432 MWmed) contra o mesmo período exato de 2024 (4.061 MWmed).

Portanto, a verdadeira questão não é como a energia cresceu em 15 dias, mas sim o que explica esse avanço robusto de 9,1% em apenas um ano. Este artigo analisa os dados da CCEE, detalha os fatores por trás dessa expansão (novas usinas) e o contraste com a queda no consumo geral de energia no país.

A Análise dos Dados da CCEE: Solar Sobe, Resto Cai

O levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é um dos principais termômetros do setor elétrico. A análise preliminar da primeira quinzena de outubro de 2025 mostrou um cenário de contrastes:

  • Geração Solar: Produziu 4.432 MWmed, um aumento de 9,1% em relação a 2024.
  • Geração Eólica: Apresentou avanço de 5,1%.
  • Geração Hidrelétrica: Sofreu uma queda de 7,7%.
  • Geração Térmica: Registrou uma retração expressiva de 17,4%.
  • Geração Total do SIN (Sistema Interligado Nacional): Teve uma redução de 4,7% no geral.

Fica claro que a energia solar não apenas cresceu, mas o fez em um ritmo muito superior às outras fontes, sendo a principal força positiva na geração de energia renovável no período.

O Fator Principal do Crescimento: A Expansão da Capacidade Instalada

Se a geração total do sistema caiu, como a energia solar cresceu 9,1%? A resposta é simples: o crescimento não veio das usinas existentes trabalhando mais, mas sim da adição de novas usinas que entraram em operação nos últimos 12 meses.

O Brasil vive uma expansão acelerada da sua capacidade instalada fotovoltaica. Esse crescimento de 9,1% na geração (YoY) é o resultado direto de bilhões de reais em investimentos que maturam e entram em operação, tanto na Geração Centralizada (GC grandes usinas solares) quanto na Geração Distribuída (GD sistemas em telhados de casas e comércios).

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Brasil ultrapassou a marca de 62 GW de potência instalada da fonte solar em 2025, somando as grandes usinas e a geração própria. Esse volume massivo de novos painéis instalados de outubro de 2024 a outubro de 2025 é o que justifica o aumento na produção de energia.

O Contraste Surpreendente: Geração Solar Sobe, Consumo de Energia Cai

O feito da energia solar é ainda mais notável quando olhamos os dados de consumo. A CCEE aponta que, na mesma quinzena, o consumo de energia elétrica no SIN apresentou uma queda de 10% (caindo 11% no Mercado Livre e 9,3% no Mercado Regulado).

Por que o Consumo Caiu?

A própria CCEE atribui essa queda, em grande parte, a “temperaturas máximas mais amenas em grande parte do Brasil”. Com menos calor, o uso de aparelhos de ar condicionado (grandes vilões do consumo) diminui, aliviando a demanda geral por energia.

Essa queda foi sentida de forma muito desigual pelo país. Enquanto estados como Acre (5,8%) e Pará (3,1%) tiveram alta no consumo, outros registraram retrações massivas, como São Paulo (-18,3%) e Rio Grande do Sul (impressionantes -45,3%).

O que essa queda no consumo significa?

Isso reforça que o crescimento de 9,1% da geração solar é estrutural (baseado em nova capacidade), e não conjuntural (puxado por uma demanda maior). A energia solar cresceu apesar de o país precisar de menos energia naquele período.

A Queda das Fontes Tradicionais: O Papel das Renováveis

A análise da CCEE também mostra uma queda de 7,7% nas hidrelétricas e 17,4% nas térmicas. Por que elas caíram enquanto a solar cresceu?

  • Hidrelétricas (-7,7%): A queda na geração hídrica está frequentemente ligada a chuvas abaixo da média, o que reduz o nível dos reservatórios. Isso ficou evidente com o recente acionamento da bandeira tarifária vermelha pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que sinaliza custo mais alto de geração por falta de água.
  • Térmicas (-17,4%): A queda na geração térmica (movida a gás, carvão ou diesel) é uma excelente notícia. Ela indica que, com a entrada de mais energia solar e eólica (fontes mais baratas) no sistema, o Operador Nacional do Sistema (ONS) precisou despachar menos usinas termelétricas, que são caras e poluentes, para garantir o fornecimento.

Conclusão

Em suma, a resposta para “por que a energia solar cresceu 9,1% em apenas 15 dias no Brasil?” é simples. O dado foi mal interpretado. O crescimento de 9,1% é uma comparação ano a ano (outubro de 2025 vs. outubro de 2024). Não foi um crescimento ocorrido em duas semanas.

Um investimento robusto e contínuo explica o fenômeno. Esse investimento ocorreu na instalação de novas usinas de geração centralizada e de sistemas de geração distribuída. Eles adicionaram gigawatts de nova capacidade à rede no último ano. O mais impressionante é que a energia solar cresceu 9,1%. Isso ocorreu mesmo em um cenário de queda de 10% no consumo de energia.

A solar ocupou o espaço deixado pela retração das fontes hídricas. Felizmente, ela também substituiu a geração de usinas térmicas caras e poluentes. Você já faz parte desse crescimento? Como a energia solar impactou sua conta de luz? Compartilhe sua experiência nos comentários!

FAQ – Perguntas Frequentes sobre o Crescimento da Energia Solar

O crescimento de 9,1% significa que minha placa solar gerou mais?

Não necessariamente. Esse dado da CCEE mede a geração total do SIN. Sobretudo, o crescimento de 9,1% refere-se ao volume total de energia solar injetado no sistema, o que é explicado pela instalação de milhares de novos sistemas no último ano, e não por um aumento de 9,1% na eficiência do seu painel individual.

Por que a energia solar cresce se o consumo geral do país caiu 10%?

O consumo de energia (demanda) varia com a temperatura e a atividade econômica. A geração de energia solar (oferta) varia com a quantidade de sol e, principalmente, com o número de painéis instalados. A solar cresceu 9,1% (ano a ano) porque o número de painéis instalados no Brasil aumentou massivamente nos últimos 12 meses, independentemente da demanda do mês de outubro ter sido menor.

A queda nas hidrelétricas e térmicas é boa ou ruim?

A queda nas hidrelétricas (-7,7%) é preocupante, pois indica condições de seca e reservatórios mais baixos, o que eleva o custo da energia (como vimos na bandeira vermelha). No entanto, a queda expressiva nas térmicas (-17,4%) é positiva, pois mostra que a energia limpa (solar e eólica) está conseguindo suprir a demanda, permitindo que o ONS desligue usinas poluentes e caras.

O que é MWmed (Megawatt-médio)?

MWmed (Megawatt-médio) é uma unidade de medida de energia usada pela CCEE e pelo ONS. Em vez de medir o total de energia gerada em um mês (que seria um número gigante em GWh), eles calculam a média de potência constante que foi necessária durante aquele período. É uma unidade padronizada para facilitar a comparação da geração e do consumo ao longo do tempo.

Esse crescimento da energia solar ajuda a diminuir a conta de luz?

A longo prazo, sim. Quanto mais energia solar (que tem custo de geração zero após instalada) entra no sistema, menor a necessidade de acionar termelétricas caras. Isso ajuda a manter a bandeira tarifária verde por mais tempo e a reduzir o preço geral da energia no país.

Rafaela Silva

Especializada em investimentos e sustentabilidade, com ampla experiência em análise de mercado e desenvolvimento de conteúdo sobre práticas financeiras e ambientais responsáveis.

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