O que a concorrência da Starlink tem que a torna 10x mais potente?

O que a concorrência da Starlink tem que a torna 10x mais potente?

Resumo do Conteúdo: A concorrência da Starlink, a operadora SES (parceira da Telebras), utiliza satélites de Média Órbita (MEO), que são “10x mais potentes” em termos de throughput (capacidade de dados, chegando a 1 Gbps), não de latência. A tecnologia MEO exige menos satélites para cobertura global, e a parceria com a Telebras usará infraestrutura terrestre brasileira, garantindo soberania digital.

O domínio da Starlink, de Elon Musk, no mercado de internet via satélite no Brasil está prestes a enfrentar um concorrente de peso, apoiado pelo governo brasileiro. A princípio, a estatal Telebras anunciou um acordo com a operadora SES, de Luxemburgo. A afirmação ousada é que esta nova parceria trará uma conectividade “dez vezes superior”, levantando a questão: o que a concorrência da Starlink tem que a torna 10x mais potente?

Sobretudo, a resposta não está em uma antena melhor, mas em uma arquitetura de rede fundamentalmente diferente. A Starlink opera em Órbita Baixa (LEO), enquanto a SES utiliza a Órbita Média (MEO). Esta diferença de altitude muda completamente as regras do jogo em termos de cobertura, velocidade e latência.

Portanto, é primordial entender essa nova tecnologia e o que ela representa. Este artigo detalha o que a concorrência da Starlink tem que a torna 10x mais potente, explica a diferença estratégica entre as órbitas LEO e MEO, e o que essa parceria significa para a soberania digital do Brasil.

A eficiência da internet via satélite é definida principalmente pela altitude de sua constelação. O “segredo” da SES, a concorrência da Starlink, está em operar em uma faixa intermediária do espaço.

A SpaceX, empresa-mãe da Starlink, utiliza satélites LEO, que orbitam a cerca de 550 km da Terra.

  • Vantagem Principal (Baixa Latência): Por estarem muito próximos, o tempo de resposta (latência) é extremamente baixo (25-50 ms), ideal para jogos online, videochamadas e navegação rápida.
  • Desvantagem (Cobertura): Cada satélite LEO cobre uma área pequena, como uma célula de celular. Para ter cobertura global contínua, a Starlink precisa de uma “megaconstelação” de milhares de satélites (mais de 10.000 já lançados).

2. O Modelo SES (MEO – Órbita Terrestre Média)

A SES (Société Européenne des Satellites) opera seus satélites MEO em uma altitude intermediária (geralmente entre 8.000 km e 20.000 km).

  • Vantagem Principal (Cobertura e Capacidade): Por estarem mais altos, cada satélite MEO cobre uma área vastamente maior na Terra. Com apenas um punhado de satélites, a SES pode oferecer cobertura global. Além disso, esses satélites são frequentemente maiores e mais potentes, capazes de lidar com um throughput (volume de dados) muito maior.
  • Desvantagem (Latência Média): A distância maior resulta em uma latência mais alta (geralmente 100-150 ms) em comparação com a LEO da Starlink. Embora seja muito superior aos antigos satélites geoestacionários (GEO, >600 ms), ela não é ideal para aplicações de resposta instantânea, como jogos competitivos.

A “Potência 10x” Explicada: Throughput vs. Velocidade do Usuário

A afirmação de que a tecnologia da SES é “10x mais potente” ou “10x mais rápida” do que a Starlink precisa ser contextualizada. Ela não significa que o seu download doméstico será 10 vezes mais rápido que o do seu vizinho com Starlink. O que a concorrência da Starlink tem é uma capacidade de throughput (volume de dados) muito maior por satélite.

O presidente da Telebras, André Magalhães, mencionou que a capacidade da órbita média permite velocidades de até 1 Gbps. Isso se refere à capacidade de backhaul a conexão principal que pode “alimentar” uma cidade inteira, um centro de comando do governo ou um evento de grande porte.

Em resumo, enquanto a Starlink (LEO) é projetada para o varejo (B2C), conectando milhões de residências individuais com velocidades de 100-220 Mbps, a SES (MEO) é uma solução B2B (Business-to-Business) ou B2G (Business-to-Government), projetada para fornecer “troncos” de internet de altíssima capacidade para hubs de alta demanda.

Soberania Digital: A Vantagem Estratégica do Acordo Telebras-SES

O fator decisivo para o governo brasileiro, e o que realmente diferencia esta parceria, é a soberania digital. Atualmente, a Starlink, sendo uma empresa 100% estrangeira, controla toda a infraestrutura de ponta a ponta, incluindo os gateways (estações terrestres).

Embora opere sob licença da Anatel, o roteamento dos dados brasileiros pode, teoricamente, passar por servidores fora do país. O acordo com a SES, por outro lado, utilizará toda a infraestrutura em terra da Telebras. A estatal brasileira possui cinco teleportos (estações de gateway) estrategicamente localizados no país.

Isso garante que o tráfego de dados de políticas públicas e do governo brasileiro seja roteado dentro do território nacional, sob controle brasileiro. Para aplicações de segurança, defesa, centros de comando e missões críticas, essa soberania é inegociável, e é por isso que a parceria se tornou tão atraente para o governo.

Demonstração na COP30 e Foco em Políticas Públicas

O acordo, formalizado como um Memorando de Entendimento (MoU) não vinculante, prevê o uso da tecnologia MEO da SES para conectar locais remotos, com foco em políticas públicas.

A grande vitrine da tecnologia será a COP30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em Belém (PA). A parceria fornecerá a conectividade de backup para o evento, demonstrando a capacidade do sistema em atender demandas de alta capacidade em redes temporárias.

Além da COP30, as aplicações futuras previstas incluem conectividade para centros de comando, forças de segurança, 4G/5G privado e Wi-Fi de alta capacidade em órgãos públicos.

O Argumento da Transição Energética e Sustentabilidade

A parceria também foi defendida do ponto de vista da transição energética. O presidente da Telebras, André Magalhães, afirmou que a órbita média oferece “desempenho superior com menor impacto ambiental”.

O argumento é que, ao exigir um número muito menor de satélites para garantir a cobertura global (dezenas contra dezenas de milhares), o modelo MEO da SES resulta em:

  • Menor número de lançamentos de foguetes, reduzindo a pegada de carbono por satélite.
  • Menor geração de lixo espacial, um problema crescente que preocupa a comunidade científica internacional.

Isso torna a solução MEO alinhada aos debates de sustentabilidade, como os que ocorrerão na COP30.

Conclusão

Em suma, a resposta para “o que a concorrência da Starlink tem que a torna 10x mais potente?” é: tecnologia de Média Órbita (MEO). A potência superior não está na latência (onde a Starlink LEO vence), mas na capacidade de throughput (volume de dados), que pode chegar a 1 Gbps por conexão, ideal para alimentar hubs governamentais e empresariais.

O acordo da Telebras com a SES não visa competir diretamente com a Starlink no varejo residencial, mas sim complementar a infraestrutura do país com uma solução robusta para políticas públicas. A principal vantagem para o Brasil é a garantia da soberania digital, utilizando a infraestrutura terrestre da Telebras.

Com menos satélites necessários e menor geração de lixo espacial, a solução MEO também se apresenta como uma alternativa mais alinhada à agenda de transição energética e sustentabilidade.

FAQ – Perguntas Frequentes sobre Starlink vs SES (MEO)

Quem é a SES, a nova concorrente da Starlink no Brasil?

A SES (Société Européenne des Satellites) é uma operadora veterana de serviços via satélite, sediada em Luxemburgo, com uma frota de satélites em Órbita Média (MEO) e Geoestacionária (GEO). Ela firmou uma parceria com a estatal brasileira Telebras.

A internet da SES (MEO) é melhor que a da Starlink (LEO)?

Elas são diferentes e têm propósitos distintos. A Starlink (LEO) oferece menor latência (melhor para jogos e chamadas de vídeo). A SES (MEO) oferece maior throughput (capacidade de dados, até 1 Gbps), sendo melhor para alimentar grandes demandas, como prédios públicos ou redes de celular 5G.

O que significa a afirmação de ser “10x mais potente”?

Refere-se à capacidade de throughput (volume de dados) que a rede MEO da SES pode entregar a um único ponto (1 Gbps), que é significativamente maior que a velocidade média dos planos residenciais da Starlink (100-220 Mbps).

Qual a principal vantagem da parceria da Telebras com a SES?

Soberania Digital. O acordo prevê o uso da infraestrutura de teleportos da Telebras em solo brasileiro, garantindo que os dados de aplicações críticas e governamentais sejam roteados e gerenciados dentro do país, ao contrário da Starlink, que controla sua própria rede de gateways.

A latência da SES (MEO) é maior ou menor que a da Starlink?

É maior. Por estar em uma órbita mais distante (Média Órbita) do que a Starlink (Baixa Órbita), o sinal da SES leva mais tempo para viajar de ida e volta, resultando em uma latência maior (cerca de 100-150 ms) do que a da Starlink (25-50 ms).

Rafaela Silva

Especializada em investimentos e sustentabilidade, com ampla experiência em análise de mercado e desenvolvimento de conteúdo sobre práticas financeiras e ambientais responsáveis.

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