O aumento do imposto de importação de painéis solares, combinado à alta taxa de juros e às restrições na instalação de sistemas de energia, está dificultando a expansão da energia solar no Brasil. A crescente demanda do consumidor por tecnologias que reduzem custos com eletricidade enfrenta barreiras que podem atrasar novos investimentos no setor. Com juros altos e imposto de importação dificultando energia solar, a adoção dessas tecnologias se torna mais custosa e menos acessível para os brasileiros.
Antônio Terra, CEO da ForGreen, afirmou que o mercado brasileiro vive uma “tempestade perfeita” em termos de impactos negativos, afetando o financiamento, a regulação e a carga tributária sobre a energia solar. Ele acredita que, embora os consumidores continuem interessados em instalar painéis solares em suas casas, muitos optam por adiar os planos devido ao contexto econômico adverso.
Impacto nos Investimentos
Para Terra, a decisão de elevar o imposto de importação de painéis solares de 9,6% para 25% é um golpe significativo nos esforços do Brasil em promover a transição energética. “Essa medida vai contra o discurso de incentivo às energias renováveis que o governo prega”, declarou o executivo. Com juros altos e imposto de importação dificultando energia solar, empresas que atuam no desenvolvimento de fazendas solares precisam rever seus planos de investimento.
Ainda que a cota estabelecida pelo governo permita a importação sem o novo imposto até determinado limite, esse benefício é temporário e deve se esgotar em breve. O cenário obriga as empresas a readequarem a alocação de recursos, impactando diretamente os projetos de energia renovável previstos para os próximos anos.
Retrocesso na Transição Energética
O aumento do imposto de importação sobre painéis solares gerou preocupação na COP29, realizada no Azerbaijão. Lideranças globais expressaram receio sobre o impacto da medida. Segundo entidades como o Global Solar Council e a SolarPower Europe, o Brasil pode retroceder na transição energética.
Máté Heisz, do Global Solar Council, afirmou que essas medidas buscam incentivar a produção local. No entanto, acabam reduzindo a demanda interna por energia solar. Além disso, não trazem vantagens significativas para a indústria nacional. Sonia Dunlop, CEO do GSC, reforçou que a medida aumentará os custos da energia solar. Isso dificultará o acesso do consumidor final à tecnologia sustentável.
Investimentos em Risco
Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR, alertou sobre os riscos ao setor fotovoltaico. Ele destacou que o aumento dos impostos pode congelar investimentos no setor. Durante a COP29, Sauaia afirmou que essa decisão contradiz os compromissos do Brasil contra o aquecimento global.
Segundo a ABSOLAR, mais de 280 projetos fotovoltaicos estão em risco. Esses projetos envolvem investimentos de cerca de R$ 97 bilhões. Além disso, têm potencial para gerar 750 mil novos empregos.
Sauaia criticou duramente a estratégia protecionista do governo, afirmando que ela é ineficaz e prejudicial para os consumidores. “Com juros altos e imposto de importação dificultando energia solar, o custo da tecnologia aumenta e a transição energética perde força no Brasil”, concluiu. O financiamento de grandes projetos se torna mais complicado, pois as indústrias nacionais não têm capacidade de atender à demanda do mercado, obrigando os desenvolvedores a buscarem equipamentos no exterior.
Fábricas Nacionais e Desafios da Produção
Atualmente, o Brasil conta com apenas duas fábricas nacionais de módulos fotovoltaicos, cuja capacidade de produção não chega a atender 5% da demanda. A maior parte dos componentes ainda precisa ser importada, e o aumento dos impostos torna essa opção mais cara. Dessa forma, o país enfrenta um desafio significativo: equilibrar a proteção da indústria local com a necessidade de avançar na transição para fontes de energia mais limpas.
O diretor do National Renewable Energy Laboratory (NREL), Martin Keller, destacou que a criação de empregos no setor solar ocorre, em sua maioria, na distribuição de equipamentos e na instalação de sistemas. Ele enfatizou que não é na produção de painéis onde está a maior concentração de empregos. Portanto, o aumento dos impostos impacta diretamente os setores mais dinâmicos da cadeia solar. Essa medida coloca em risco os planos de crescimento do mercado no Brasil.
Conclusão
Com juros altos e imposto de importação dificultando energia solar, o Brasil enfrenta desafios consideráveis para expandir o acesso à energia limpa. As medidas protecionistas, embora busquem fortalecer a indústria nacional, têm o efeito colateral de encarecer a tecnologia e dificultar o crescimento do setor.
A solução passa por um equilíbrio entre incentivos à produção local e políticas que facilitem o acesso às tecnologias renováveis, para que o Brasil continue no caminho da sustentabilidade. Compartilhe este artigo e deixe sua opinião sobre o futuro da energia solar no país.