Impacto da não adoção do horário de verão nos sistemas fotovoltaicos

A simultaneidade entre o consumo e a geração solar é um ponto crucial na discussão sobre o impacto da não adoção do horário de verão.

O impacto da não adoção do horário de verão vem sendo intensamente discutido nas últimas semanas do segundo semestre de 2024. Esse debate está centrado em questões como economia de energia e a eficácia do consumo em momentos críticos, principalmente durante os horários de pico.

Antes de mais nada, é importante ressaltar que a possibilidade de se aliviar a pressão sobre o sistema elétrico nesses períodos é um dos argumentos principais para o retorno da medida. Afinal, uma mudança nos horários de maior consumo poderia proporcionar um melhor aproveitamento da luz solar e, com isso, trazer benefícios relevantes aos consumidores.

Além de contribuir para a economia no consumo de energia, o horário de verão poderia reduzir a necessidade de utilizar fontes caras e poluentes, como as termelétricas.

Neste artigo, vamos analisar como a não adoção do horário de verão influencia a simultaneidade entre consumo e geração de energia solar. Destacaremos as implicações para consumidores residenciais e para o setor elétrico como um todo.

Redução da Demanda de Pico e o Impacto da Não Adoção do Horário de Verão

Um dos principais argumentos a favor do horário de verão é a possibilidade de aliviar a demanda sobre o sistema elétrico nos horários de pico, geralmente entre 18h e 21h. Com o horário de verão, esse período coincidiria em parte com momentos de luz solar. Isso ajudaria a diminuir a pressão sobre o sistema.

Ao não adotar o horário de verão, perde-se a oportunidade de reduzir a necessidade de acionamento de geradores movidos a combustíveis fósseis. Além de serem mais caros, esses geradores têm um impacto ambiental significativo.

De acordo com o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a adoção do horário de verão poderia gerar uma economia de até R$ 356 milhões em combustíveis para termelétricas. Além disso, reduziria os custos com a contratação de reserva de capacidade.

Essa redução da demanda de pico aliviaria as redes de transmissão e distribuição. Isso contribuiria para a estabilidade do sistema elétrico e reduziria o risco de apagões.

O Impacto no Consumo Residencial Sem o Horário de Verão

Outro ponto que deve ser considerado é o impacto da não adoção do horário de verão para os consumidores residenciais. Para avaliar isso, analisou-se o perfil de consumo de um transformador da rede de média e baixa tensão da concessionária CPFL Paulista, que atende majoritariamente residências.

As curvas de carga indicam que, sem o horário de verão, o pico de consumo continua ocorrendo por volta das 18h. Esse é exatamente o momento em que o sol começa a se pôr, diminuindo a geração de energia solar.

Com o horário de verão, esse pico seria deslocado para um horário anterior, ainda com presença de luz solar, aumentando a simultaneidade entre o consumo e a geração de energia solar. Esse deslocamento poderia resultar em uma maior eficácia do autoconsumo e, consequentemente, uma menor dependência da energia proveniente da rede elétrica.

Simultaneidade Entre Consumo e Geração Solar

A simultaneidade entre o consumo e a geração solar é um ponto crucial na discussão sobre o impacto da não adoção do horário de verão. Para entender melhor esse aspecto, foi realizado um estudo considerando um sistema fotovoltaico de 30 kW instalado na área de concessão da CPFL Paulista.

A análise mostrou que, sem o horário de verão, a simultaneidade entre a geração e o consumo fica prejudicada, especialmente nos finais de tarde.

Com o horário de verão, o pico de consumo se alinha melhor com os momentos de maior geração solar, aumentando o percentual de autoconsumo. Essa maior simultaneidade é fundamental para otimizar o retorno econômico dos sistemas fotovoltaicos, uma vez que reduz a necessidade de compra de energia da rede e maximiza o uso da energia gerada pelo próprio sistema.

Economia de Combustível e Redução de Custos

A não adoção do horário de verão também gera consequências financeiras relevantes. A utilização de termelétricas para atender à demanda de pico gera custos elevados, que repassamos aos consumidores.

Com o horário de verão, esses custos poderiam ser reduzidos, pois haveria menor necessidade de acionarmos essas usinas, especialmente durante os horários de maior consumo.

A economia gerada com a redução do uso de combustível e com a menor necessidade de contratação de reserva de capacidade é significativa. Além disso, o sistema elétrico se beneficiaria em termos de estabilidade, já que a redução da demanda nos horários críticos diminuiria o risco de sobrecarga nas redes de transmissão e distribuição.

Conclusão

Com base nas análises apresentadas, fica claro que o impacto da não adoção do horário de verão não se limita apenas ao consumo total de energia. Também afeta a simultaneidade entre consumo e geração solar, a estabilidade do sistema elétrico e os custos envolvidos na geração de energia.

Embora o aumento do autoconsumo durante o horário de verão seja relativamente pequeno, pode representar uma diferença significativa para consumidores residenciais que buscam maximizar o retorno de seus sistemas fotovoltaicos.

Em conclusão, a volta do horário de verão poderia trazer benefícios não apenas para os consumidores, mas também para o sistema elétrico como um todo. Reduziria custos e aumentaria a estabilidade.

Portanto, é fundamental considerar o perfil de consumo de cada região ao avaliar a viabilidade de reintroduzir o horário de verão. Isso garantiria uma solução eficiente e equilibrada para todos os envolvidos.

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Rafaela Silva

Especializada em investimentos e sustentabilidade, com ampla experiência em análise de mercado e desenvolvimento de conteúdo sobre práticas financeiras e ambientais responsáveis.

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