Financiamento de energia solar tem queda significativa no 1º semestre de 2025

Financiamento de energia solar tem queda significativa no 1º semestre de 2025

O sonho da casa própria com energia limpa ficou mais distante com o crédito mais caro? A princípio, essa pergunta reflete a preocupação de muitos brasileiros diante de um novo cenário. Uma pesquisa recente da consultoria Greener revelou que o financiamento de energia solar teve uma queda expressiva no primeiro semestre de 2025, mostrando uma mudança no comportamento de compra do consumidor.

Sobretudo, essa retração não acontece por acaso. Ela está diretamente ligada ao contexto macroeconômico do país, especialmente às altas taxas de juros, que encarecem as parcelas e tornam os bancos mais criteriosos na concessão de crédito. Para o consumidor, isso significa que a aquisição de um sistema fotovoltaico via financiamento se tornou um desafio maior.

Contudo, o que essa mudança realmente significa para o futuro do setor e para quem planeja investir? Primordialmente, é essencial entender as causas dessa retração, conhecer quem são os principais agentes financeiros do mercado e quais estratégias podem ser adotadas. Portanto, este artigo detalha a fundo esse novo panorama do crédito para energia solar no Brasil.

O Cenário Econômico por Trás da Queda

Os números da pesquisa da Greener são claros: a proporção de sistemas fotovoltaicos vendidos com o auxílio de financiamento caiu de 53% em 2023 para 46% em 2024, atingindo 41% no primeiro semestre de 2025. Essa tendência de queda tem um principal culpado: o custo do dinheiro.

Durante o período analisado, a taxa básica de juros da economia, a Selic, manteve-se em patamares elevados, variando entre 12,25% e 15% ao ano, conforme dados do Banco Central do Brasil. Uma Selic alta encarece todas as modalidades de crédito no país. Para o financiamento de energia solar, isso se traduz em parcelas mais altas, o que pode diminuir a atratividade do negócio, já que o retorno do investimento se torna mais longo.

Além disso, o cenário de juros altos geralmente vem acompanhado de uma maior restrição de crédito. Com o aumento da inadimplência em outras linhas de consumo, os bancos e instituições financeiras tendem a ser mais seletivos e rigorosos na análise e aprovação das propostas, dificultando o acesso para uma parcela dos consumidores.

O Mosaico dos Financiadores de Energia Solar no Brasil

Apesar da retração, o mercado de crédito para energia solar continua sendo um ecossistema vibrante e diversificado. A pesquisa da Greener aponta que as vendas financiadas no semestre envolveram 18 bancos tradicionais, 9 bancos de fomento e 13 fintechs, mostrando a pluralidade de opções disponíveis.

Liderança e Competitividade

Pela nona vez consecutiva, o banco BV foi a instituição mais citada pelos integradores, sendo mencionado por 28% das empresas. Essa consistência o posiciona como um líder no setor. Logo atrás, aparecem competidores de peso como o Santander (19%) e a fintech Solfácil (18%), seguidos de perto por cooperativas de crédito como Sicredi (16%) e Sicoob (12%).

É importante destacar que esses números representam a pulverização dos agentes, ou seja, o percentual de empresas que utilizaram cada instituição pelo menos uma vez, e não a participação de mercado em volume financeiro. Isso demonstra a capilaridade e a forte competição no setor.

O Que a Retração no Financiamento Significa para Você?

Para o consumidor, a queda na participação do financiamento de energia solar sinaliza a necessidade de uma análise mais cuidadosa. Se você depende de crédito para realizar o investimento, a pesquisa de condições se torna ainda mais crucial. Comparar o Custo Efetivo Total (CET) entre diferentes instituições pode gerar uma economia substancial ao longo do contrato.

Por outro lado, para quem possui capital para investir à vista, este pode ser um momento oportuno. Com a demanda por financiamento em baixa, é possível que haja mais espaço para negociação de preços e condições de pagamento diretamente com as empresas integradoras.

A retração não invalida o financiamento como uma excelente ferramenta para viabilizar o projeto, mas reforça a importância de um bom planejamento financeiro antes de assumir o compromisso.

Conclusão

A participação do financiamento de energia solar caiu no primeiro semestre de 2025. Esse foi um reflexo direto e esperado do cenário de juros elevados. Com o crédito mais caro, a compra à vista se tornou mais atraente para quem tem capital. Já quem depende de financiamento precisou fazer uma análise mais detalhada.

Contudo, essa retração não deve ser vista como uma crise no setor. Pelo contrário, ela demonstra a resiliência e a maturidade do mercado. A diversidade de agentes financeiros, que vão de grandes bancos a fintechs ágeis, é uma prova disso. O consumidor continua a ter múltiplas opções de crédito. A liderança consistente do BV, seguida de perto por outros grandes nomes, garante a competitividade e a inovação no setor.

A perspectiva de futuras quedas na taxa Selic pode reaquecer a procura por crédito nos próximos semestres. Até lá, a mensagem para o consumidor é clara: pesquise, compare e planeje. A independência energética continua sendo um dos investimentos mais inteligentes e seguros, e encontrar a forma de pagamento ideal é o primeiro passo para concretizá-la.

Rafaela Silva

Especializada em investimentos e sustentabilidade, com ampla experiência em análise de mercado e desenvolvimento de conteúdo sobre práticas financeiras e ambientais responsáveis.

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